Em um discurso que surpreendeu tanto críticos quanto entusiastas do setor, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou nesta quarta-feira (17) que o banco central dos Estados Unidos pretende adotar uma abordagem mais branda e pragmática na supervisão de ativos digitais — incluindo, naturalmente, o Bitcoin.
A fala ocorreu durante um painel econômico promovido pela Brookings Institution, em Washington, e foi imediatamente repercutida por veículos como Bitcoin Magazine e Bitcoin News. Embora Powell tenha evitado mencionar criptomoedas alternativas, seu discurso reforça a legitimidade crescente do Bitcoin como ativo financeiro sério e descentralizado.
O que exatamente disse o presidente do Fed?
Durante o evento, Powell afirmou que os ativos digitais “vieram para ficar” e que o Fed “não pretende sufocar a inovação legítima com regulamentações excessivamente restritivas”. Ele destacou ainda que é papel das autoridades acompanhar a evolução tecnológica e não tentar bloqueá-la por medo do desconhecido.
Segundo ele, a estratégia do Fed será pautada em “supervisão proporcional, baseada em risco e voltada para a proteção do consumidor sem impedir o progresso.”
Além disso, Powell indicou que o foco imediato da instituição será:
- A criação de diretrizes claras para a atuação de bancos com exposição a ativos digitais;
- A cooperação com o Tesouro e a SEC para alinhar políticas e evitar sobreposições regulatórias;
- O estudo contínuo sobre moedas digitais de banco central (CBDCs), embora tenha reconhecido que “o dólar digital ainda está longe de se tornar realidade.”
Por que essa sinalização é positiva para o Bitcoin?
O Bitcoin, como rede aberta e sem autoridade central, não depende da aprovação de bancos centrais para existir. No entanto, um ambiente regulatório hostil pode dificultar sua adoção por investidores institucionais e restringir seu uso em determinadas jurisdições.
Portanto, quando o principal banco central do mundo afirma que não pretende sufocar a inovação, isso envia uma mensagem clara: o Bitcoin está cada vez mais integrado ao sistema financeiro global — não como uma ameaça, mas como uma alternativa legítima.
Além disso, uma supervisão mais racional pode:
- Aumentar a confiança de investidores institucionais;
- Incentivar a criação de produtos financeiros baseados em Bitcoin;
- Reduzir o medo regulatório que inibe empresas de operar no setor;
- Atrair bancos e plataformas que desejam oferecer serviços relacionados a BTC.
O efeito imediato no mercado
Logo após o discurso de Powell, o mercado reagiu positivamente. O preço do Bitcoin, que vinha oscilando entre US$ 61 mil e US$ 62 mil, subiu para US$ 63.500 em poucas horas, puxado por traders que interpretaram a fala como uma sinalização de estabilidade regulatória.
Enquanto isso, ações de empresas expostas ao BTC, como MicroStrategy, Coinbase e Block Inc., também registraram ganhos expressivos no fechamento do pregão.
Analistas da Swan Bitcoin e da Lyn Alden Investment Strategy destacaram que uma postura mais suave do Fed pode ser o catalisador de uma nova onda de capital institucional entrando no mercado.
O que esperar daqui pra frente?
Embora o discurso não represente uma mudança de política imediata, ele marca uma inflexão no tom do Fed, que durante anos tratou os ativos digitais com desconfiança. Agora, a tendência é que o foco esteja na criação de regras estáveis, não em barreiras regulatórias.
Consequentemente, isso abre caminho para mais avanços, como:
- ETFs de Bitcoin sendo aprovados com mais agilidade;
- Bancos tradicionais lançando serviços de custódia de BTC;
- Empresas listadas em bolsa adotando o ativo como reserva de valor;
- Governos estaduais e municipais explorando o uso do BTC como meio de pagamento.
Além disso, ao reconhecer que o dólar digital ainda está longe de se tornar realidade, Powell implicitamente validou o papel do Bitcoin como a única infraestrutura monetária digital plenamente funcional no mundo hoje.
Conclusão: o Fed enfim percebeu que o Bitcoin não vai embora
Quando o presidente do banco central mais influente do planeta diz que não quer sufocar a inovação, isso não é apenas um discurso técnico. É uma declaração política e econômica de que o jogo mudou.
O Bitcoin, por sua natureza aberta, continuará avançando com ou sem aval de qualquer autoridade. No entanto, a convivência com os reguladores pode acelerar sua integração com os mercados globais.
E agora, com o Fed demonstrando maturidade, talvez estejamos presenciando o início de uma nova fase: menos confronto, mais adaptação — e muito mais adoção.
