Bitcoin surpreende e se mostra mais estável que o S&P 500 após tarifas comerciais

Bitcoin apresenta menor volatilidade que o S&P 500 após tarifas de Trump. Entenda o que isso significa e por que o BTC pode estar entrando em uma nova fase.

Nas últimas semanas, o mercado financeiro global enfrentou turbulências provocadas por uma nova rodada de tarifas comerciais impostas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O anúncio gerou reações imediatas em diversos ativos, especialmente nos mercados de ações. Contudo, o que chamou a atenção de analistas foi a resiliência do Bitcoin.

Embora o Bitcoin seja conhecido por sua volatilidade, dessa vez ele destoou. Em comparação ao S&P 500 — principal índice de ações dos EUA —, o Bitcoin apresentou menor oscilação durante o período de instabilidade.

Essa inversão de expectativas despertou debates entre especialistas. Afinal, estaria o Bitcoin entrando em uma nova fase de maturidade e estabilidade?


Bitcoin surpreende e se mostra mais estável que o S&P 500 após tarifas comerciais

Contexto: as tarifas de Trump e seus impactos iniciais

O ex-presidente Donald Trump anunciou, no início de abril de 2025, uma série de novas tarifas sobre produtos importados da China, retomando uma postura protecionista agressiva. As medidas foram interpretadas como um aceno à sua base eleitoral, mas também como um risco imediato ao comércio global.

Com isso, o S&P 500 reagiu negativamente. O índice perdeu 4,2% em uma única semana, com empresas do setor industrial e tecnológico liderando as perdas. O mercado precificou o aumento da tensão geopolítica e os riscos de desaceleração econômica.

Enquanto isso, o Bitcoin, que geralmente sofre durante crises, manteve sua cotação praticamente estável. A oscilação ficou abaixo de 2% no mesmo período, demonstrando um comportamento atípico, porém positivo.


Comparando volatilidades: o que os números dizem?

Dados compilados por casas de análise como Glassnode e Kaiko mostram que, nas três semanas após o anúncio das tarifas, a volatilidade implícita do S&P 500 subiu 22%. Já a volatilidade do Bitcoin caiu 5% no mesmo intervalo.

Esse comportamento contradiz o que normalmente se espera do Bitcoin, considerado um ativo de risco elevado. No entanto, em períodos de incerteza gerada por políticas governamentais, sua natureza descentralizada tem se mostrado um diferencial.

Além disso, a exposição institucional ao Bitcoin tem crescido. Isso tende a reduzir sua instabilidade, já que grandes fundos e bancos passaram a adotar estratégias mais defensivas ao lidar com o ativo.


Bitcoin como porto seguro? Um novo papel no cenário global

Durante muito tempo, o Bitcoin foi visto como um ativo especulativo. No entanto, eventos recentes estão mudando essa percepção. Quando ações e títulos reagem negativamente a decisões políticas, o Bitcoin surge como um possível porto seguro.

Segundo o analista Willy Woo, esse movimento não é isolado. “Estamos vendo o Bitcoin se comportar mais como uma commodity do que como uma ação de tecnologia. Ele responde menos ao ruído político e mais à dinâmica de oferta e demanda”, afirmou em seu canal de análise.

Essa mudança de comportamento pode ser explicada por diversos fatores. O primeiro é a escassez programada do Bitcoin, que o torna menos sensível à manipulação monetária. O segundo é a sua independência de governos e bancos centrais.

Portanto, em um mundo cada vez mais polarizado e instável, ativos que oferecem neutralidade geopolítica ganham destaque.


Perspectivas para investidores

Para os investidores brasileiros, a estabilidade recente do Bitcoin em meio à volatilidade do S&P 500 levanta pontos importantes. Em primeiro lugar, reforça a ideia de que o Bitcoin pode funcionar como uma peça de diversificação no portfólio. Em segundo, sugere que os ciclos de alta e baixa da moeda digital estão cada vez mais dissociados dos mercados tradicionais.

Além disso, o crescimento de instrumentos financeiros como ETFs, fundos de índice e produtos regulados facilita o acesso institucional ao Bitcoin. Isso aumenta sua liquidez e reduz os impactos de movimentos pontuais de grandes investidores.

Outro ponto relevante é a postura de investidores de longo prazo, os chamados hodlers. Durante a instabilidade causada pelas tarifas, mais de 70% dos bitcoins não se moveram, segundo dados da Chainalysis. Isso mostra um aumento da confiança no ativo como reserva de valor.


Riscos permanecem, mas o cenário é diferente

É importante destacar que o Bitcoin ainda enfrenta riscos. Entre eles estão a regulação excessiva, ataques cibernéticos e a possível concorrência de moedas digitais emitidas por bancos centrais.

No entanto, sua resiliência diante das últimas crises reforça a percepção de que ele já não é um ativo marginal. Cada vez mais, o Bitcoin está sendo tratado como uma nova classe de ativo — com características próprias e papel estratégico dentro de carteiras diversificadas.

Além disso, os avanços tecnológicos na rede Lightning e o desenvolvimento de soluções para escalabilidade aumentam a usabilidade do Bitcoin no mundo real. Isso tende a reforçar sua adoção e a reduzir sua dependência de fatores especulativos.


Considerações finais: uma virada de narrativa?

O fato de o Bitcoin ter apresentado menor volatilidade que o S&P 500 após o anúncio das tarifas de Trump representa mais do que um dado técnico. Ele simboliza uma possível virada de narrativa.

Se antes o Bitcoin era visto como um risco em tempos turbulentos, agora ele começa a ser considerado parte da solução. Isso não significa que ele substituirá ativos tradicionais, mas que pode coexistir com eles — oferecendo proteção, descentralização e independência monetária.

Portanto, o investidor atento deve acompanhar não apenas os preços, mas os comportamentos. E, nesse caso, o Bitcoin mostrou maturidade quando o mercado mais precisava.

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