Bitcoin sob ameaça quântica? Especialista do NIC.br alerta para riscos e soluções

Especialista do NIC.br alerta sobre os riscos que a computação quântica representa à segurança do Bitcoin. Entenda o cenário e como proteger seus ativos digitais.

A computação quântica, antes restrita a ambientes acadêmicos e à ficção científica, começa a se tornar realidade. Com isso, cresce a preocupação sobre sua capacidade de comprometer sistemas criptográficos fundamentais, incluindo o Bitcoin.

Bitcoin sob ameaça quântica? Especialista do NIC.br alerta para riscos e soluções

Durante um workshop promovido pelo NIC.br em São Paulo, especialistas abordaram os possíveis impactos dessa tecnologia na segurança de redes como o blockchain.

Algoritmos clássicos sob risco

O coordenador do MCTI, Felipe Silva Bellucci, destacou que algoritmos como RSA, DSA e ECC podem não resistir à evolução dos computadores quânticos. Esses sistemas garantem a segurança de protocolos amplamente utilizados, como HTTPS, VPNs, DNSSEC e até mesmo as chaves privadas do Bitcoin.

Segundo ele, a ameaça ainda é teórica, mas avança rapidamente. Portanto, governos e empresas devem iniciar, desde já, um plano de transição para algoritmos resistentes à computação quântica.

Além disso, Bellucci reforçou que os sistemas mais críticos da infraestrutura digital precisam ser avaliados com urgência, pois a preparação exige tempo e coordenação internacional.

O papel da curva elíptica na segurança do Bitcoin

A segurança do Bitcoin depende da criptografia de curva elíptica (ECC), um dos alvos preferenciais da computação quântica. Essa tecnologia protege tanto as transações quanto o acesso às carteiras digitais.

Um computador quântico suficientemente poderoso, utilizando o algoritmo de Shor, poderia quebrar essa criptografia e acessar fundos que hoje estão protegidos. Embora isso ainda pareça distante, o ritmo acelerado de desenvolvimento torna esse cenário cada vez mais plausível.

Além disso, especialistas alertam que, mesmo que os BTCs estejam seguros no presente, eles podem se tornar vulneráveis no futuro se medidas de atualização criptográfica não forem implementadas a tempo.

Soluções em desenvolvimento

Apesar dos riscos, há soluções em curso. Durante o evento, representantes do Suzhou Quantum Center, na China, apresentaram plataformas que permitem acesso remoto a computadores quânticos com até 100 qubits. Essas ferramentas estão sendo utilizadas para simulações e desenvolvimento de criptografia pós-quântica.

Além disso, diversas startups e centros de pesquisa já trabalham em protocolos resistentes ao poder quântico. A expectativa é que novas versões do Bitcoin ou atualizações de sua estrutura possam mitigar esses riscos, se aplicadas com planejamento e consenso da comunidade.

Portanto, o momento atual exige não pânico, mas preparação. O desenvolvimento de padrões de segurança resistentes à computação quântica já está em andamento, e a comunidade técnica tem consciência da urgência.

Iniciativas brasileiras na corrida quântica

O Brasil também está se movimentando. O MCTI lançou laboratórios de tecnologias quânticas no CBPF, no Rio de Janeiro, e no Senai Cimatec, em Salvador. Esses centros têm o objetivo de capacitar profissionais e desenvolver soluções voltadas à segurança nacional.

Além disso, o país criou o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Informação Quântica. Essa iniciativa foca em pesquisa de base, mas também dialoga com a aplicação prática de algoritmos e redes criptográficas mais robustas.

Outro destaque é a criação de um grupo interministerial que estabelece diretrizes para a Iniciativa Brasileira em Tecnologias Quânticas. Dessa forma, o governo busca integrar ciência, inovação e segurança de forma estratégica.

O que o usuário de Bitcoin deve fazer agora?

Embora o risco não seja imediato, o usuário de Bitcoin pode adotar boas práticas de segurança desde já. Utilizar carteiras com múltiplas assinaturas, evitar deixar grandes quantias em exchanges e acompanhar debates técnicos são atitudes prudentes.

Além disso, é fundamental que a comunidade acompanhe as propostas de melhorias no protocolo do Bitcoin. Caso surjam atualizações de segurança pós-quântica, os usuários precisarão migrar seus fundos para novos formatos de chave ou endereços.

Portanto, a atenção à evolução tecnológica não é apenas uma questão acadêmica. Ela pode determinar quem manterá sua soberania financeira e quem ficará vulnerável diante de mudanças radicais.

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